A relação da literatura e as outras artes (como a pintura, a escultura, a música, a fotografia, o cinema, a ilustração, a banda desenhada, a arquitectura ou a dança), e destas com a literatura, é uma constante ao longo do tempo e da História: escultura e literatura (Auguste Rodin e Rainer Maria Rilke) ou literatura e música (Thomas Man e Wilhelm Richard), por exemplo. É comum vermos, lermos ou ouvirmos obras que nos remetem para outras artes e é igualmente interessante constatar como os artistas utilizaram ou utilizam as mais diversas técnicas para fazer transmitir a sua mensagem.
“O Fantasma da Ópera” será um perfeito exemplo de (mais do que de influência) uma “osmose” entre as artes. Na imortal obra literária, escrita em 1910 pelo francês Gaston Leroux (1868-1927), o autor conjuga a sua imaginação a alguns factos reais, como o existente lago subterrâneo da Ópera de Paris (actualmente chamada Ópera Garnier ou Palais Garnier), depois de uma visita ao labiríntico local (onde se terá perdido) ou como o episódio da queda do enorme lustre sobre uma lotação esgotada (“acidente” aparentemente causado por um militante anarquista que terá colocado uma bomba no lustre). Curiosamente, (o tempo e a “maturidade” - ou devo dizer reconhecimento - do público tem destas coisas) a obra não foi um sucesso imediato, mas terá aos poucos conquistado o seu lugar merecido de obra-prima. Edgar Allan Poe, Arthur Conan Doyle, Stendhal, Alexandre Dumas e Vitor Hugo (e até a sua carreira como jornalista) terão influenciado a escrita de Leroux.
Apesar de ser mundialmente (re)conhecido pelas suas músicas, a primeira versão cinematográfica de “O Fantasma da Ópera” foi um filme mudo (e em preto e branco) de 1925, saído dos estúdios da Universal (Estados Unidos da América), produção na qual Leroux esteve envolvido. Em 1943 Arthur Lubin faz a sua própria adaptação, já a cores, com milhares de cantores e um orçamento bem mais generoso. Outras versões no cinema se têm seguido, nas quais os seus realizadores (como Brian De Palma ou Joel Schumaker – com o qual o filme esteve nomeado para três categorias nos Óscares© da Academia) deram mais ou menos destaque ao carácter humano, ao terror, à tragédia ou ao romance do enredo.
Poster do filme, 1925
Mas é no teatro musical que a obra de Leroux é reconhecida. A peça (de grande sucesso) é trazida ao palco (mais precisamente do The Duke’s Playhouse, em Lancaster, Inglaterra) pela primeira vez em 1976 pelo encenador e dramaturgo britânico Ken Hill (1937-1995).
É difícil dissociar “O Fantasma da Ópera” do género musical. Igualmente interessante é constatar que Hill conseguiu enriquecer a sua interpretação contemporânea através da adaptação de obras de compositores como Jacques Offenbach (“Jamais, foi de Cicerone", de La Vie Parisienne), Charles Gounod ("Maudites soyez-vous", de Fausto), Giuseppe Verdi ("O inferno! Amelia qui!", de Simon Boccanegra), Arrigo Boito ("Son lo spirito che nega", de Mefistofeles), Antonín Dvorák (“Mesicku na nebi hlubokém", de Rusalka), Georges Bizet ("Je crois entendre encore", de Les Pêcheurs de Perles), Carl Maria von Weber ("Du weißt daß, meine Frist", de Der Freischütz), entre outros.
Uma década depois é a vez do premiado compositor e produtor britânico Andrew Lloyd Webber fazer a sua própria adaptação musical, que estreia no West End de Londres. Desde então tem corrido o mundo, mantém-se ainda em cena no Her Majesty’s Theatre, em Londres (onde se estreou e onde assisti em 2004) e é considerada a mais bem sucedida peça de entertenimento de todos os tempos. Por muitos outros séculos outros tantos artistas serão influenciados por esta (e tantas outras) obras artísticas.
Mas é no teatro musical que a obra de Leroux é reconhecida. A peça (de grande sucesso) é trazida ao palco (mais precisamente do The Duke’s Playhouse, em Lancaster, Inglaterra) pela primeira vez em 1976 pelo encenador e dramaturgo britânico Ken Hill (1937-1995).
É difícil dissociar “O Fantasma da Ópera” do género musical. Igualmente interessante é constatar que Hill conseguiu enriquecer a sua interpretação contemporânea através da adaptação de obras de compositores como Jacques Offenbach (“Jamais, foi de Cicerone", de La Vie Parisienne), Charles Gounod ("Maudites soyez-vous", de Fausto), Giuseppe Verdi ("O inferno! Amelia qui!", de Simon Boccanegra), Arrigo Boito ("Son lo spirito che nega", de Mefistofeles), Antonín Dvorák (“Mesicku na nebi hlubokém", de Rusalka), Georges Bizet ("Je crois entendre encore", de Les Pêcheurs de Perles), Carl Maria von Weber ("Du weißt daß, meine Frist", de Der Freischütz), entre outros.
Uma década depois é a vez do premiado compositor e produtor britânico Andrew Lloyd Webber fazer a sua própria adaptação musical, que estreia no West End de Londres. Desde então tem corrido o mundo, mantém-se ainda em cena no Her Majesty’s Theatre, em Londres (onde se estreou e onde assisti em 2004) e é considerada a mais bem sucedida peça de entertenimento de todos os tempos. Por muitos outros séculos outros tantos artistas serão influenciados por esta (e tantas outras) obras artísticas.
Michael Crawford (como Erik, o Fantasma), Sarah Brightman (como Christine Daae`) em Libreto de Richard Stilgoe & Andrew Lloyd Webber, Música de An
«A multiplicidade de sistemas autónomos de criação e comunicação, sensoriais e linguísticos, não deve ser fechada em si mesma [...]» - André-Michel Rousseau.______________________________________
REFERÊNCIAS BIBLIO E WEBGRÁFICAS
MACHADO, Álvaro Manuel e PAGEAUX, Daniel-Henri (1988) - Da literatura comparada à teoria da literatura, Lisboa, Edições 70;
PAGEAUX, Daniel-Henri (1994) – Littérature et Arts, Paris, Armand Colin Éditeur;
ROUSSEAU, André-Michel (1977) - Artes e Literaturas: um “estado presente” e algumas reflexões, Synthesis;
Ópera de Paris: www.operadeparis.fr | http://oficinadeteatro.com/artigos/materias-especiais/90-opera-garnier-o-espirito-de-paris | http://pt.wikipedia.org/wiki/Opera_Garnier;
“O Fantasma da Ópera” na Literatura: Gaston Leroux - www.gaston-leroux.net;
“O Fantasma da Ópera” no Teatro: www.kenhillsphantomoftheopera.co.uk | http://www.thephantomoftheopera.com;
“O Fantasma da Ópera” no Cinema: http://homevideo.universalstudios.com/monsters/phantom.html.
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Primeira imagem: Fotograma do filme O Fantasma da Ópera, Universal Pictures, 1925. Direção de Rupert Julian. Com Lon Chaney (como Erik, o Fantasma), Mary Philbin (como Christine Daae`)