sexta-feira, 15 de agosto de 2014

A cor salmão da vida



Este post podia ser patrocinado por uma marca de tintas, mas não é. (Vou pensar nisso...) Nem sequer tem a pretensão de querer ditar tendências de uma paleta de cores a usar na próxima estação. O salmão aqui é literal, é mesmo o peixinho famoso pela gordura boa e pelo ómega três, pelos vistos muito importante e, portanto, obrigatório na nossa alimentação. Este post é, mais precisamente, sobre o ciclo de vida desta espécie. Não é uma abordagem puramente científica, no sentido biológico do termo, mas social. Já explico. Primeiro, alguns factos.

Sabiam que...

O salmão tem uma esperança de vida de oito anos.
Durante esse período pode viajar centenas ou mesmo milhares de quilómetros, para depositar os ovos no mesmo sítio onde nasceram.
Apenas uma espécie deste peixe - os Kokanee - não faz este percurso, vivendo toda a vida em água doce, em riachos ou lagos.
O salmão é uma espécie de 'super peixe' que pode viver tanto em água doce como em água salgada, no oceano, onde passa a maior parte vive a sua vida adulta.

O que é que esta informação vos diz? Ou melhor, o que é que podem aprender com isto? Bem, à partida nada. A não ser que provavelmente deveriam ser mais seletivos nos blogues que lêem. Mas como a maior parte dos programas a la National Geographic ou a la Discovery Channel - tipo aqueles que dão na televisão, sobretudo ao sábado ou ao domingo antes das notícias da uma - ele surpreende com informação que desconhecíamos. E isso chama-se aprender com entusiasmante interesse. Os programas lembram que há mais vida na terra ou na água do nosso planeta, para além da vida humana. Talvez até noutros planetas, para além da nossa minúscula, ínfima, nano Terra. Que, apesar disso, nos consegue surpreender e fascinar.

Neste caso, aprendermos sobre a capacidade daquela espécie se adaptar às suas necessidades de preservação. O salmão podia 'pensar':

- Vou mas é ficar aqui sugadito, a descansar a barbatana neste mar imenso, sem ursos pra me chatear (leia-se comer).

Mas se à inércia se rendesse, a sua vida acabava e não haveria santos nem Ronaldos que o pudessem salvar, já que a espécie precisa do sacrifício de subir o leito do rio para ir desovar os milhares de ovos. Mesmo assim, destes milhares apenas cerca de uma meia dúzia consegue sobreviver e chegar ao fim deste ciclo. Podemos pensar que talvez fosse melhor que ele se mantivesse no seu cantito das águas doces do rio, mas imagine-se a vida e as aventuras que iria perder, rio abaixo, no mar e rio acima! Desta forma, pode ter uma vida mais arriscada, mas é uma vida de aventura, vivida plenamente. 

(Lembra-me a alegoria da caverna, de Platão. Aqui, sem grutas mas rios, sem sombras mas águas, que transpostas mostram que o mundo é mais e maior do que o mundo a que nos acomodamos.)

Isto faz-me refletir sobre o paralelismo com a espécie humana. Sobre aqueles que se recusam a seguir a corrente, os Kokanees do mundo. Afinal, como disse Malcolm Muggeridge:

"Online dead fish swim with the flow."
(Só os peixes mortos seguem a corrente).

Sobre a necessidade que temos de não estar parados, de descobrir, de conhecer, de aprender, enfim, de viver. Sobre a capacidade que o Homem também tem em se adaptar às situações e em enfrentar a adversidade. Como o nosso 'amigo' salmão, que altera todas as células do seu corpo para se adaptar ao sal, quando passa para o mar, e à água doce, quando ao rio regressa, através de um processo celular inverso. 

Nós, humanos, 'só' (reparem nas importantes aspas na palavra) não conseguimos urinar menos e respirar mais devagar ou mais depressa para processar a água salgada no nosso corpo. De resto, conseguimos quase tudo. Ou tentamos, pelo menos.

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