domingo, 6 de julho de 2014

Viver a 100 ou até aos 100?


Quem é que não gostaria de viver até aos cem anos? Ou até aos 150? Há umas semanas morreu aquele que se acreditava ser o homem mais velho do mundo, que viveu até depois dos cento e vinte. A notícia desta morte, ou deste feito fora do comum e fora da média, vinha acompanhada dos hábitos da sua alimentação, que causam sempre muita curiosidade a nós mortais. Talvez porque queiramos descobrir a fórmula para uma maior longevidade na vida.

O senhor morreu de velhice, penso eu, e pensaríamos todos, talvez. Mas a causa nunca é essa. A causa são as complicações que o corpo vai ganhando, as faculdades que ele vai perdendo, logo depois de passarmos os 40. Analise-se qualquer gráfico sobre o desenvolvimento humano e irá verificar-se que até essa idade (mais ano menos ano) tudo ainda se desenvolve. Até que se chega à meia idade, que para mim (que ainda não passei por ela e por isso não sou nada legítimo pela vivência, mas pela convivência com muitas pessoas que a vivem ou viveram) é uma espécie de Idade Média do ser humano, ou seja, nada interessante, escura e até certo ponto,  um pouco badalhoca. 

Depois das trevas em que a dita crise ataca, vem uma fase menos sóbria, mais leve, mais ponderada e, espera-se, melhor vivida. Anos de balanço, tentativa de regresso aos anos dourados, 

"que não regressam mais"

reduzindo a vãs as esperanças e a velocidade. O ritmo das vidas vai diminuindo à medida que a vida avança. 
Paradoxalmente, quanto mais vida pela frente, menos tempo temos. A partir de uma certa idade - da aposentação - não há reforma nem fórmula que faça com que o tempo ande mais depressa e queremos viver tudo em pleno, mas já não temos a mesma plenitude dos 20, 30 ou, até, dos malogrados 40.

Diz-que que o senhor, que morreu depois dos 120 - caso que se saiba -, mastigava coca. Ainda precisamos de estudos que comprovem ser este um dos motivos para a resistência, por isso não vale a pena correr a incluir este hábito na nossa roda dos alimentos. Terá sido apenas por causa da alimentação, ou também por causa da lentidão com que degustava a vida, fora de um centro urbano?
Valerá a pena viver tão devagar, até tão tarde, com todas as consequências que o avanço da idade traz, ou de forma alucinante, como se não houvesse amanhã? Porque afinal pode mesmo não haver. Nisso a vida é democrática e não olha a riquezas, géneros, classes...

"Você pode viver até aos cem anos se abandonar todas as coisas que fazem com que você queira viver até os cem anos."
Woody Allen

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