sábado, 1 de novembro de 2014

Jardins-Memória : O Príncipe dos Jardins


O Jardim do Príncipe Real foi um dos jardins da minha infância. Nele brinquei e dele guardo memórias que perduram até à minha infância atual. Nele se encontra a Mãe de Água, reservatório que inicia um longo percurso subterrâneo de curso de águas, que tem no Aqueduto o seu expoente máximo. Dele confluem outros 'leitos', várias ruas que dão acesso a várias outras e outros locais igualmente emblemáticos. 
Um dos lados do jardim vai 'desaguar' ao início da Rua do Século, que encontra o seu fim entre o Calhariz e o cimo da Calçada do Combro. 
Dessa parte do jardim, onde se encontra a enorme e secular árvore cuja folhagem cobre um considerável diâmetro e bancos, vê-se o edifício de arquitetura única onde está estabelecida a Liga dos Amigos dos Hospitais.

Outro lado tem afluentes, um dos quais vai dar ao Jardim Fialho de Almeida, na Praça das Flores, que por sua vez vai encontrar, um pouco mais abaixo, a Rua de São Bento (e daqui à Estrela). É nesse afluente, da Rua do Jasmim, que se encontra a minha segunda escola primária, que me acolheu da terceira à quarta classe e onde acolhi, entre ensinamentos básicos indispensáveis, algumas reguadas e puxões de orelha - poucos, memoráveis mas perfeitamente dispensáveis (já nessa altura eu mostrava o meu lado witty wit). Dessa rua avista-se o rio e a ponte sobre ele. 

No lado oposto começa a Rua da Escola Politécnica, onde a meio se encontra a entrada para o Jardim Botânico e o Museu de História Natural. Uma das suas principais artérias é a Rua de São Marçal, que parece não parar de descer e, por isso mesmo, convidava-me a desportos radicais como andar de skate. A partida iniciava no British Council (onde anos... muitos anos mais tarde iria estudar inglês).  Foi aí que me iniciei nessa aventura sobre rodas, quase sempre sentado (pois a descida é íngreme). Essa rua é teimosa a descer e encontra, no seu fim, a Rua do Poço dos Negros, não sem antes se cruzar com a estreita rua onde eu morava, de onde se avistava o Palácio de São Bento, mais conhecido pela Assembleia da República. 

Ainda desse lado do jardim, mesmo em frente a ele, fica um edifício que sempre me espantou e atraiu, desapontando-me nos últimos anos o estado de abandono a que chegou. Recentemente foi reabilitado e acolhe uma série de lojas que oferecem muito design sobre várias formas. Chamou-se ao espaço desse antigo palácio Embaixada. Ao lado dele pode descer-se uma pequena rua até ao Jardim Alfredo Keil ou da Praça da Alegria, que é um cantinho verde e simpático junto ao (ainda) Parque Mayer e à Avenida da Liberdade.


O Jardim do Príncipe Real  é o ponto onde acaba a Rua da Escola Politécnica e começa a Rua D. Pedro V, que tem algumas lojas de antiguidades e antiquários, e mimosas casas antigas, uma dela uma pastelaria que mantém, no seu interior, uma decoração e estilo entre a Arte Nova e o Clássico, um local de paragem obrigatória para um bolinho (e nada cara*), antes de começar a descer para o Jardim António Nobre, mais conhecido pelo miradouro de São Pedro de Alcântara. Ou então pode passar por baixo de uma discreta arcada que dá acesso a um restaurante com uma esplanada que já se encontra nos itinerários das melhores de Lisboa, o LostIn, um sítio cozy, colorido, simpático com uma vista soberba para as outras colinas de Lisboa. 

Por muito que tenha andado, descido e subido, a pé ou pelas palavras deste post, nunca cansa o passeio.

---


* Um croissant com creme e um galão, por exemplo, custam apenas 1,70€, com direito a uma viagem no tempo e um cheirinho a pão a cozer que abre qualquer apetite mais fechadito.
Nota: as imagens não têm, propositadamente, legenda, para que seja cada um a descobrir a sua origem, e outros cantos não mostrados.


***
FAZ LIKE NA PÁGINA DO FACEBOOK 








Sem comentários:

Enviar um comentário