Nos últimos dias tenho refletido muito sobre a vida, por causa das pedras e das perdas que ela nos reserva. O que me inspirou a pensar escrever uma série de posts reservados a memórias. Já são muitas, mas espero que não tantas quantas as que ainda aí vêm.
Este post foi pensado sobretudo no último dia do mês de abril, quando muitas pessoas, longe e perto, dissemos adeus a uma pessoa que nos foi, ainda é e será para sempre muito querida. Essa pessoa é meu inesquecível tio, que se junta a outras pessoas da minha família, igualmente queridas e de quem sinto a falta física.
Propositadamente aguardei pelo primeiro dia do mês seguinte, do maio que se faz por estes dias soalheiro e que convida à celebração da vida, para escrever as palavras refletidas e que refletem a minha saudade. Não me considero uma pessoa particularmente saudosa de tempos passados. Estou de olhos, de corpo e em sentido a aguardar um risonho futuro. Mas não consigo deixar de olhar para momentos vividos, queridos, sorridos, com muita alma.
Nesta série, que será propositadamente intermitente, não vou contar a minha história de vida, mas a vida que têm muitas das minhas histórias. Não começa do princípio nem do fim, será como as marés, incertas como o pensamento, para trás, para a frente e inversamente.
Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...
Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...
Saudade é sentir que existe o que não existe mais...
Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...
Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.
E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.
O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido."
Saudade, Pablo Neruda
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