sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Gurgulhus Humanus: 10 espécies de uma raça sem extinção


Esta é uma lista não exaustiva de coisas que não se devem fazer em público mas a que recorrentemente assisto no dia a dia, em diversas situações e locais. A maior parte delas nem em privado se deviam fazer. Algumas são mesmo ilegais, mas ninguém se preocupa com isso. Talvez porque não haja controlo nem fiscalização que as previna ou puna. Mas, sobretudo, porque não há civismo nem educação. Coisas... básicas?

Aqui vos deixo os tipos ou espécies de humanos que ainda se conseguem encontrar no nosso belo planeta, inesperadamente em qualquer situação pública. Gorgulhos da sociedade que batizei de Gurgulhus Humanus

TIPOS DE GURGULHUS 

1. Os Cheira-Sovacos. Ainda hoje presenciei este comportamento que uma fêmea (armada à senhora) teve numa estação fluvial enquanto aguardava o barco. O duplo gesto não foi feito disfarçadamente. Mas que culpa tem a senhora, ou os senhores seus pais que a educaram, se estava muito calor? Medidas drásticas são necessárias para situações extremas. Ainda se o sorver do nariz (vulgo cheirar) refrescasse ou anulasse os cheiros... Ou há uma nova estirpe de humanos com super-poderes que ainda não conheço? A generalizar-se, quem fica mal são as marcas de desodorizantes. Pois é, este tipo de humano - da família dos Espreguiça-os-Braços - nunca fica satisfeito com uma snifadela e sente a necessidade de ir mais além. Não apenas cheira um mas os seus dois sovacos. Afinal, eles vieram em número par por algum motivo, não?

2. Os Tira-Macacos. Esta podia ser a profissão daquelas pessoas que trabalham no jardim zoológico e que se dedicariam a tirar os amigos simeos da jaula. Não. Trata-se de um gesto mais corriqueiro do que se imagina. Esta espécie é muitas vezes avistada a tirar macacos do nariz sobretudo nas filas de trânsito, apesar de pensarem que os vidros dos seus veículos só permitem ver de dentro para fora. Pior mesmo, seria se transformassem este hábito numa colheita alimentar e inventassem uma nova iguaria: macacos ao chefe porco. E se esta moda culinária pega? Macacos me mordam! Bom, sempre era mais um programa na televisão para explorar. O Masterchef ou o The Taste que se cuidem.

3. Os Ajeita-Tintins. Devido à sua constituição anatómica, o gesto só se consegue encontrar nos machos da espécie. Quanto mais macho, mais se têm de ajeitar os 'saquinhos'. Não é que seja sinal de maior virilidade, mas o que é certo é que há fêmeas que lhes acham piada. Por isso continuam a reproduzir-se. Não é que tenham culpa. Afinal, nasceram com aquilo ali no meio das pernas e das duas uma: ou ajudam à locomoção (andando, por exemplo) ou saem do caminho. Como a primeira ainda não é uma opção validada pelos cientistas e a segunda não se consegue porque os ditos tin tins ainda não têm vida própria, lá terá que ser a mãozinha a dar... uma mãozinha! Então como fazer sem que o ato seja reprovável? A solução poderá ter surgido há uns anos, não pela mão da ciência mas do teatro, com uma dupla de comediantes - José Pedro Gomes e António Feio - na peça Conversa da Treta. Aí, um dos personagens - o Zezé, se a memória não me falha - assumia o comportamento e dizia que para o disfarçar, quando andava e precisava de o fazer aproveitava as curvas e a mudança de direção para levantar a perna contrária para os coçar ou ajeitar. Engenhoso e criativo, não?

4. Os Beata-pró-Chão. Em qualquer chão: no passeio, na estrada, na praia... As beatas de cigarro são uma praga. Elas são as 'caganitas' que alguns fumadores teimam em deixar no mundo. Será que pensam que elas desaparecem por si só ou têm esperança que se multipliquem na terra, multiplicando também a sua orgulhosa ponta? Esta espécie de Humanus não tem ponta de vergonha e não há ninguém que lhes pegue na ponta das orelhas e lhes dê um bom puxão, para ver se aprendem. O hábito está entranhado e a sujidade que este pequeno objeto deixa é inversamente proporcional ao seu tamanho. Quantas vezes na paragem do autocarro não só tenho de apanhar com o fumo daqueles que teimam em poluir o meu espaço aéreo - e consequentemente os meus pulmões - como tenho de assistir ao seu atiro ao alvo que nunca falha o chão. E o caixote do lixo ali tão perto! Tenho um vizinho que não fuma dentro de casa. Vai para a janela fazê-lo. Muito bem. Merecia um prémio pelo gesto, não fossem as beatas que teima em plantar no passeio do prédio. Já não leva o Óscar para o melhor vizinho do mundo. Nem para o de melhor ser humano. Será que o é?

5. Os Cospe-pró-Chão. Podiam ser uma banda rock-punk. Que eu saiba, não. São provavelmente primos não muito afastados dos Beata-pró-Chão e vêem-se cada vez menos. Estarão a extinguir-se? Avisem a Quercus. O seu comportamento pode observar-se sobretudo nos membros mais velhos da espécie. Muitas vezes - se não a maior parte das vezes - o ato (de cuspir para o chão) é imediatamente antecedido por um sorver nasal (vulgo 'escarrar') com que eles procuram potenciar ainda mais o ato de cuspir. Talvez quanto mais verde for, melhor. Ou, como dizia um amigo meu há uns anos, "Se tivesse casca era ovo."

6. Os Grita-ao-Telelé. Bem, eles não gritam, propriamente. Falam alto. Quem em público nunca teve em contacto com esta maravilhosa espécie de cordas vocais em perfeito estado de conservação? Há quase sempre um num metro ou num autocarro. Distinguem-se das outras pessoas por falarem muito alto quando recebem uma chamada telemóvica (através do telemóvel). Habitualmente são muitos os olhos que se viram na sua direção quando, depois de uma musiquinha (normalmente também com volume no máximo), atendem como que a assinalar a sua presença no meio de uma multidão, na rua, num transporte ou qualquer outro local público. O seu "Tou..." (variante "Tou sim") não costuma passar despercebido e a conversa pode ouvir-se por qualquer um à sua volta, num raio considerável de alguns metros. A sua intimidade exposta não costuma intimidá-los!

7. Os Música-no-Telelé. São com certeza da mesma família da espécie anterior mas estes em vez da sua própria voz, colocam a música que estão a ouvir no telemóvel tão alta que todos à sua volta, num raio suficiente para incomodar, mas que raio nenhum consegue partir. Eu pensei que os fones eram um objeto generalizado e que até costumam vir com a maior parte destes aparelhos. Terão perdido o livro de instruções ou a sua falta de instrução obriga a que chateiem toda a gente à sua volta? 

8. Os Boca-Aberta. Há aqueles que não conseguem deixar de a ter aberta para falar e os que a deixam aberta enquanto comem. Só não comem a mosca que podia entrar enquanto a têm tanto tempo aberta, mas nem o inseto cai na armadilha. Ele sabe que se entrar vai ter que ouvir. Mas pior mesmo é vermos o que as outras pessoas estão a mastigar, com todos os pormenores gráficos que elas fazem questão de mostrar. Em público ou em casa, deve fazer-se como nos ensinaram (a mim pelo menos): a comer de boquinha fechada. Não é irritante ouvir o crunch do almoço do vizinho do lado no restaurante? Pior mesmo, é este ato vir acompanhado de um sonoro arroto. Mas somos gregos, ou quê?

9. Os Língua-Suja. Não é bonito de se ouvir. Não fica bem a ninguém. Não está nem nunca esteve na moda. Os palavrões deviam ficar apenas com quem os praticam verbalmente. Devem evitar-se, sobretudo, ao pé de crianças. Recentemente presenciei uma mãe (suponho) com uma cria pela mão a subir uma calçada de Lisboa que àquela hora da manhã costumo descer, e essa senhora (eu sei, é um exagero, a criatura nem sequer tinha espécie definida, até eu a inventar aqui) ia a falar muito alto com uma outra que a acompanhava mais à frente (também com uma criança pela mão), vociferando uns palavrões hardcore no meio de um discurso que nada devia à mínima inteligência, mas que tudo deve à ignorância e, principalmente, à falta de educação. Sem tento na língua, nem sequer tenta disfarçar a falta de educação. A vítima, ainda sem o saber (algum dia o saberá?) será a criança, que muito provavelmente irá seguir o mesmo caminho descarrilado da linguagem inapropriada, transmitida pelos progenitores, num mau trato infanto-verbal que a lei não pune. Não será  caso para mandar lavar a boca com sabão?

10. Os Fura-Filas. Não devem ser confundidos com os furões, uma diferente espécie do reino animal, embora tenham adquirido os seus hábitos sem o saber. Distinguem-se deles por terem cérebro, apesar de não parecer. Os Fura-Filas são aqueles Humanus que comem muito. Comem tanto, que devem ter comido alguma família real ou um dos seus membros. Por isso se costuma dizer que eles têm o rei na barriga, que são presunçosos e se julgam mais do que os outros. Não são. Nem que fossem da realeza, nada dá o direito a uma pessoa de passar à frente de outra(s) numa qualquer fila, das muitas que diariamente se podem encontrar em qualquer lugar. Tirando raras exceções que são, basicamente, estar grávida, ter dificuldade em locomoção ou ter alguma outra deficiência que impeça de conseguir respeitar uma fila. Não conta a deficiência mental derivada apenas por pura falta de civismo. Esses devem viver noutra fauna.

E MUITOS MAIS

Conforme adverti no início, a lista não está completa. Faltam muitos mais. Como os Corta-Unhacas (que se divertem a cortar as unhas em qualquer lado... tic, tic, tic... Não é música mas fica no ouvido) ou os Tira-Cera (da família das espécies que gostam de enfiar os dedos nos orifícios do corpo humano, neste caso os ouvidos. Pensarão que são o Shrec e que vão fazer velas com o produto da colheita?), entre outros.

QUAIS TE IRRITAM MAIS?

Se não os incluí aqui, envia-mos e eu tratarei de os colocar num futuro post, neste blog. 


***
FAZ LIKE NA PÁGINA DO FACEBOOK 


Sem comentários:

Enviar um comentário