segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Teatro figurado



Um dia destes fui aos teatros. Assim mesmo, no plural, num espaço que é muito singular: o Teatro Municipal Joaquim Benite ('antigo' Teatro Municipal de Almada, que passou em 2013 a ter o nome do homem que o fundou, juntamente com a Companhia de Teatro de Almada). 
Fui ao edifício azul para assistir a Faz Escuro Nos Olhos, uma criação coletiva da Griot - Associação Cultural (Lisboa), com encenação de Rogério de Carvalho na Sala Experimental.
Antes da peça entrei no teatro-edifício e decidi, juntamente com a minha companhia de sempre, jantar no maravilhoso teatro-restaurante que fica no segundo piso. A refeição foi precedida de uma visita à Galeria onde se encontra a exposição-teatro Transfigurações, do cantor, ator e artista plástico Manuel João Vieira.

Entrei no espaço sem reparar (como faço muitas vezes) no nome do artista ou no título. Foi-nos, entretanto, entregue um folheto com a informação explicativa que nos esclarece que a exposição 
"além de confrontar a pintura com a imagem fotográfica, utiliza a primeira como lugar da segunda, como contexto da segunda. As composições referem-se a construções teatrais e ao jogo do palco/moldura, cenografia e actores, sendo estes últimos apresentados como projecções diáfanas. As pinturas são transfiguradas pelas projecções sucessivas, perdendo o seu carácter material no jogo de sombras e luzes. Uma espécie de cruzamento entre um pequeno teatro de bolso e o kinetoscópio. Este exercício aborda desta forma bidimensional os dispositivos cénicos que são criados para mostrar imagens narrativas."
Manuel João Vieira, cantor, actor e artista plástico



Foi uma boa surpresa essa viagem a um mundo de pinturas em forma de tiras de banda desenhada a preto e branco a que não faltavam as cores com que a nossa imaginação as pintava. Quando entramos na sala encontramos, de frente, um tríptico em forma de teatro com um cenário muito colorido onde se projeta, disfarçadamente, uma imagem sem movimento com uma bailarina clássica a dançar. Em cada uma das duas paredes laterais dois painéis retangulares longitudinais, um em frente ao outro. Ambos com cenas aos quadradinhos não convencionais, um deles em papel de cenário, outro suporte nada convencional. 

Não têm legendas mas eu não preciso delas para dar início às histórias que os traços firmes e bem desenhados me sugerem e fazem imaginar, ora remetendo-me para o reino das maravilhas de Alice ora para surrealidades nas quais imagino um Tim Burton a realizar. E nós somos mais uma das suas fantásticas personagens. Saciado destas emoções plásticas, ficou aberto o apetite para a deliciosa refeição que se seguiu.

Quem quiser visitar ainda tem até ao próximo dia 5 de outubro. Pode aproveitar-se para um jantar com menus muito acessíveis no intimista restaurante com música ambiente e onde podem casualmente encontrar, quem sabe, alguns dos atores (como nos aconteceu). Um dos menus inclui o bilhete do espetáculo. Podem aproveitar ver na Sala Principal, por exemplo:

A peça teatral com produção da CTA, Negócio Fechado (de David Mendes, com adaptação e encenação do atual diretor do TMJB Rodrigo Francisco, com Paulo Mendes, de 25 a 28 de setembro);

O espetáculo de dança Todo Para Sempre É Agora (da Companhia de Dança de Almada, integrado na quinzena de dança da cidade, com coreografia de arriçado Ambrózio, no dia 3 de outubro às 21:30);

O concerto de Mafalda Arnauth (dia 4 de outubro às 21:30).

Mais informações na página do TMJB em www.ctalmada.pt.
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Transfigurações
05 JULHO a 05 OUTUBRO, 2014 | GALERIA DO TEATRO // TMJB (Almada)
Qui a Sáb das 19h00 às 21h00 | Dom das 15h00 às 19h30
M/6 Em dias de espectáculo a galeria está aberta até às 22h00

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