terça-feira, 7 de outubro de 2014

Recuperando : Muitos escritos em demasiados suportes : da caneta ao dedo



Nesta série de "Recuperados" vou buscar ao passado alguns pequenos textos que escrevi.
Quando escrevi esses primeiros textos, ainda não tinham sido inventados os blogues. Mas isso nunca impediu ninguém de escrever, desde que há Homem e um pau, e desde que o Homem com o pau inventou a escrita.

A minha escrita não é assim tão velha.
Alguns desses escritos foram feitos em papel, com caneta. Quando os meus pais me ofereceram uma máquina de escrever, logo me lancei a ela para treinar a minha caligrafia mecânica. Tantas horas passadas a bater nas teclas duras, analógicas, a escrever de tudo e de mais alguma coisa. Desde passar a 'limpo' as letras das minhas canções favoritas, às listagens de cassetes com filmes e outras cenas que me interessavam na TV e que ia gravando nas VHS. Um monte de plástico com este arquivo histórico foi há bem pouco tempo à inspeção da evolução e não passou.

Reciclagem com elas.

Antes disso tinha vindo o meu primeiro computador, o ZX Spectrum +2 (o mais dois fez toda a diferença relativamente à versão anterior: tinha um deck para cassetes incluído). Um computador caríssimo (custou 38 contos nos finais dos anos 80, início de 90), que não fazia mais que uma barulheira na televisão a que era ligado e só depois de alguns minutos lá ia entrando um jogo ou outro. Era uma festa quando entrava.
 - L O A D I N G . . .
Era o aviso que mais lia no ecrã, nessa altura. Horas e horas deste loading, que só muito depois (quando aprendi inglês) entendi o que queria dizer. Basicamente, "Espera que o jogo ainda vai demorar algum tempo a carregar. Podes ir inventando o Windows." Antes da Microsoft dar esse passo, ainda passei pelo MS DOS, sem 'janelas' para o mundo. Aqui a linha de comando era o campo de batalha, que para o utilizador comum não deixava muito à imaginação. Mas foi por causa disso que a época foi profícua para os programadores.

Os meus primeiros textos, escritos num computador e impressos em papel (ainda naquelas impressoras que deixavam tracejadas as letras...) foram feitos na biblioteca onde passei muito tempo a descobrir essa maravilha informática, antes de ter o meu próprio Pentium (4), comprado com o dinheiro resultante do meu primeiro emprego. Duzentos contos, na altura (segunda metade dos anos 90), quando o Windows 95 foi uma revolução e quando foi criado a primeira longa metragem de animação totalmente computorizada: Toy Story (1995).

Ainda me passou outro desktop pelas mãos antes de comprar, há cerca de seis ou sete anos, o portátil que ainda tenho. Ainda dura porque na altura quis o melhor para carregar com os programas pesados de que precisava para trabalhar e me entreter. Mas sobretudo trabalhar, o que me entretinha ( e entretém) bastante. Por ele passaram muitos projetos, muita escrita, muito design gráfico, muita edição de vídeo, muitos filmes, muito scroll. Passou uma licenciatura profícua em muita escrita (cerca de 60 trabalhos), um mestrado com tantas páginas em vários papéis e a respetiva tese (sem tantas páginas como as que gostaria que tivesse - muito tive que editar e cortar). 

Entretanto, veio um tablet barato que depressa passou à história (para as mãos de outra pessoa), dando lugar a um pad que diz que é i (lê-se 'ai'). Não passa de um vidro touch, ou táctil.
Em poucos meses já lhe passei tanto o dedo, para cima, para baixo e para os lados, que provavelmente todos juntos os movimentos caminhados nele davam para ir à lua e voltar à terra. Para voltar a tocar e a voltar a criar, a escrever, a inventar, a passar o tempo, a jogar, a aprender, a trabalhar. 
E a partilhar mais um post, como este.

Falta ao vidro táctil a alma do barulho a teclar, mas até para isso já se inventou solução (v. imagem)



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